Peregrinos no caminho da PAZ
O próximo ano de 2025 será um ano jubilar para toda a Igreja, um tempo que se deseja que venha a ser um kairós. Neste desejo, o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica (DIVCSVA) propôs a todos os consagrados do mundo um percurso com quatro etapas.
A 1ª etapa ou fase preparatória, sob o tema “A sede de reconciliação”, teve lugar em cada país de julho a dezembro de 2023. Desta fase surgiram âmbitos de abordagem para as fases posteriores: o compromisso com os “últimos”; o cuidado da criação; o caminho para a fraternidade universal.
A 2ª etapa consistiu num Encontro Internacional, em Roma, de 1 a 4 de fevereiro de 2024, sob o tema “Sinais de reconciliação entre os homens”. Nele participaram cerca de 300 representantes (de mais de 60 nações e dos 5 continentes) que no último dia receberam um mandato para levarem aos seus países.
A 3ª etapa coincidirá com a celebração jubilar de 2 de fevereiro de 2025, em cada país.
Por fim, a 4ª etapa, será vivida em Roma, de 8 a 12 de outubro de 2025: o jubileu da vida consagrada. Para o Encontro Internacional realizado em Roma, o DIVCSVA solicitou que todos os países enviassem representantes das diferentes formas de vida consagrada presentes no mundo.
Na delegação portuguesa, constituída por quatro elementos, estiveram o Padre Adelino Ascenso, superior geral do instituto de vida apostólica Sociedade Missionária da Boa Nova e presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), a Irmã Ângela Coelho, superiora geral da congregação religiosa Aliança de Santa Maria e vice-presidente da CIRP, a Alzira do Carmo Santos, consagrada do instituto secular Servas do Apostolado e presidente da Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal (CNISP) e a Maria João Alves, virgem consagrada, a viver em Setúbal.
Os encontros de trabalho decorreram no Hotel Pineta Palace. Os participantes, distribuídos por 29 mesas redondas (grupos linguísticos), seguiram o método sinodal, intitulado Diálogos no Espírito. Trata-se de um método em que se exercita a escuta atenta e profunda dos outros, a partilha de ressonâncias sobre o escutado à luz da palavra de Deus, a procura de convergências. A este propósito, o Cardeal João Bráz de Avis, Prefeito deste dicastério, diz que é um novo estilo de trabalho orientando para uma nova forma de viver em Igreja, que solicita a nossa conversão.
Numa entrevista para o Vatican News ele diz "Nós que somos e queremos ser um presente para a Igreja, temos de respirar e viver com a Igreja e, por isso, queremos começar imediatamente [este método], depois teremos outras reuniões de aprofundamento […], estamos num momento de reforma, de renovação da vida consagrada, com muitos problemas mas também com muitas mudanças na Sequela Christi enquanto consagrados/as […] os sinais dos tempos de hoje são de comunicação, de estarmos intensamente juntos, de decidirmos juntos, o que dará a possibilidade de muitos frutos no futuro".
Este método sinodal foi apresentado sucintamente numa intervenção do Pe. Giacomo Costa, sj, Consultor da Secretaria do Sínodo. O Pe. Giacomo enfatizou que a vida consagrada acima de tudo forma um só corpo, uma só realidade, que testemunha a esperança, a escuta profunda dos outros, a procura conjunta de caminhos de paz. A Ir. Carmen Ros, n.s.c., subsecretária DIVCSVA, por sua vez, sublinhou que o trabalho dos cerca de 40 membros do dicastério na preparação de todo o processo rumo ao Jubileu já seguiu esta dinâmica sinodal, com momentos de escuta, silêncio orante, testemunhos e levantamento de convergências.
No dia 2 de fevereiro, o Papa Francisco presidiu à Missa da Festa da Apresentação do Senhor no Templo. Visivelmente muito frágil, o Santo Padre exortou a vida consagrada a permanecer jovem, como Simeão e Ana, “que têm a juventude de coração… que a esperança não entra na reforma” e a estar vigilantes sobre dois obstáculos na espera do Senhor: a negligência da vida interior e a formatação ao estilo do mundo. “Acolhendo o Senhor, o passado abre-se ao futuro, o velho que está em nós abre-se ao novo que Ele suscita. O dia terminou com a visita aos museus do Vaticano e a foto de grupo no Capela Sistina.
O dia 3 “Caminhar com a força da Fé” foi vivido sob a forma de peregrinação a pé, em três etapas: 1ª -Basílica de Santa Maria Maior e basílica de Santa Praxedes; 2ª - Basílica da Santa Cruz de Jerusalém e o Santuário Pontifício da Escada Santa; 3ª - Catacumbas de São Sebastião e a igreja de “Domine quo Vadis”. O dia terminou com uma Oração pela Paz na basílica do Sagrado Coração.
O dia 4 começou com a Eucaristia na Basílica de S. Pedro, presidida pelo Cardeal João Bráz de Aviz, que na sua homilia exortou a vida consagrada a “Manter viva a esperança, em todas as circunstâncias”. Conclui-se o encontro na Sala de Paulo VI com momentos musicais bem conseguidos e orantes. Depois seguimos para a Praça de São Pedro para participar do Ângelus dominical com o Papa Francisco.
Testemunhar, ousar atravessar fronteiras, embarcar em viagens sinodais, converter-se no Espírito, abrir-se à novidade de Deus, ser crível na proclamação do Evangelho, pautam o caminho dos próximos meses de preparação para o Jubileu. Mãos ao arado.